domingo, 12 de dezembro de 2010

E se todos soubessem?

Quem leu a reportagem da 2164º edição da Revista Veja, em maio de 2010, intitulada “A Geração Tolerância” pode ter achado todos aqueles relatos de jovens homossexuais assumidos e bem resolvidos extremamente positivo. “Os adolescentes e jovens brasileiros começam a vencer o arraigado preconceito contra os homossexuais, e nunca foi tão natural ser diferente quanto agora. É uma conquista da juventude que deveria servir de lição para muitos adultos”, diz a frase em destaque abaixo do título da matéria.

Bonito, mas será que real? Será mesmo que tornou-se simples assumir-se assim? Segundo o Relatório Anual feito pelo Grupo Gay da Bahia (GGB), 198 homossexuais foram assassinados em 2009, nove a mais do que em 2008 e um aumento de 61% com relação a 2007. Não adianta pensarmos que a menor parcela desses assassinatos soma-se às lésbicas (4%), porque são pessoas que foram mortas única e exclusivamente por amarem alguém do mesmo sexo. Nove mulheres foram assassinadas em um mesmo ano por serem lésbicas em pleno século 21!

Segundo o GGB, apesar de alguns programas do governo a favor dos homossexuais, como o “Brasil sem Homofobia”, o país continua sendo o campeão mundial de homicídios contra LGBT. E tem mais: dos 20% de criminosos identificados, menos de 10% chegam a ser detidos e julgados e mesmo estes são beneficiados com penas leves ou absolvidos.

Recentemente, uma nova pesquisa intitulada “Homofobia na Comunidade Escolar”, feita pela pesquisadora chilena Margarita Díaz, presidente da organização Reprolatina, mostrou que as escolas brasileiras são ambientes que não apresentam a homossexualidade como algo normal e que seja bem vindo, além de não introduzirem a temática da sexualidade como deveria ser feito. A pesquisa ainda mostrou que a situação piora quando se trata de travestis e transexuais, já que as escolas pesquisadas não autorizam, por exemplo, a utilização do banheiro feminino.

"Eu nem consigo imaginar o que é ser importunado apenas por ser gay. Deve ser duro. Mas acredite, vai melhorar", disse o presidente dos EUA Barack Obama para a campanha “It Gets Better”.


Não precisaríamos de pesquisas para perceber o preconceito nas escolas ou em qualquer ambiente. Todos sabem que nas escolas os alunos homossexuais, tanto aqueles que se autodeclaram, quanto os que tentam esconder a escolha ou ainda nem se descobriram, sofrem com xingamentos e apelidos ou, no pior dos casos, a reclusão. A mídia, que deveria servir de apoio contra a homofobia, cria um estereótipo em programas humorísticos ou na teledramaturgia das novelas em que a maioria dos personagens gays age como personagens de circo, que estão ali só para fazer rir. As piadas de homossexuais também estão na boca de todos que, por maldade ou sem perceber, incitam a cada brincadeira mais preconceito.

Segundo a antropóloga Kênia Kemp, tanto os homossexuais como outros personagens estereotipados pela mídia têm uma relação muito conflituosa, pois ao mesmo tempo em que se sentem valorizados ao encontrarem a identidade deles na TV em evidência naquele momento, também percebem esses estereótipos.

Exatamente o que acontece com os pais que descobrem ter um filho homossexual. São raros os casos em que essa é uma notícia normal de ser dada em casa, algo bem aceito e fácil de conviver. Assumir-se homossexual ainda é um problema enorme em nosso país, independente de estar acontecendo com mais frequência ou não.

Uma das mães facilitadoras do Grupo de Pais de Homossexuais (GPH), Cristina de Sabata, 50, conseguiu, com a ajuda do grupo, aceitar a escolha de sua filha Flávia, 24. “Como a maioria das mães, jamais aventei a possibilidade de que minha filha fosse homossexual. Ela sempre teve comportamento exterior hétero, namorava rapazes e chegou a ficar noiva. Quando ela me revelou sua homossexualidade, senti primeiramente certa incredulidade, mas ante sua convicção, comecei a realmente ponderar que esta possibilidade poderia ser real”, conta.

Cristina relata que a princípio a abraçou, e disse a amar qualquer que fosse a sua escolha, porém quando se deu conta do que estava acontecendo, caiu em desespero e passou a chorar escondido. “Fechei-me em profundo silêncio, não conseguia conversar com ela sobre o assunto, por mais que ela o abordasse. Parecia que se eu não falasse sobre ‘aquilo’, não se tornaria realidade para mim, para a minha vida e para a vida dela”.

Através da ajuda do GPH e de Edith Modesto, presidente da ONG, Cristina foi aos poucos não só aceitando a orientação da filha, como também deixando para trás todo aquele preconceito que percebeu ter nos dias que se seguiram à revelação. “Creio hoje que nascemos cada qual com sua orientação sexual, que não existem culpados, que ninguém leva ninguém a se tornar homossexual, simplesmente nascemos héteros, homo ou bissexuais. Percebi que minha filha não havia perdido nenhuma de suas inúmeras qualidades e que também nenhum defeito lhe havia sido acrescido e aprendi com o tempo a me despedir da filha que eu imaginava ter e dar as boas vindas à filha que realmente tenho! E como valeu a pena!”, finaliza Cristina.

Esse sim é um dado interessante e animador: as pessoas que entendem a fundo a homossexualidade através de leituras fundamentadas, conversas com pessoas mais instruídas nesse assunto ou até mesmo através da convivência, perdem o preconceito e notam o quanto o assunto deveria ser natural. De acordo com pesquisas, ficou provado que sim, os homossexuais têm se assumido cada vez mais cedo às suas famílias e amigos, mas não é a mesma coisa do que se assumir para o mercado de trabalho, por exemplo. Afinal de contas, família e amigos, apesar de muitas vezes não aceitarem, com o tempo – às vezes muito longo -, e por amor entendem a condição do homossexual, mas aquelas pessoas que podem evitar tê-los por perto por pura ignorância e preconceito, continuam o fazendo, e talvez e infelizmente, igualmente cada vez com mais frequência.

Enfim, muitas coisas ainda precisam mudar.

domingo, 9 de maio de 2010

Um dia, um adeus - Guilherme Arantes

Só você pra dar
A minha vida direção
O tom, a cor
Me fez voltar a ver a luz
Estrela no deserto a me guiar
Farol no mar, da incerteza...

Um dia um adeus
E eu indo embora
Quanta loucura
Por tão pouca aventura...

Agora entendo
Que andei perdido
O que é que eu faço
Prá você me perdoar...

Ah! que bom seria
Se eu pudesse te abraçar
Beijar, sentir
Como a primeira vez
Te dar o carinho
Que você merece ter
E eu sei te amar
Como ninguém mais...

Ninguém mais
Como ninguém
Jamais te amou
Ninguém jamais te amou
Te amou...

Ninguém mais
Como ninguém
Jamais te amou
Ninguém jamais te amou
Como eu, como eu...


Te amo, Schleiden. E é para sempre.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Agora.

É óbvio que o vazio é o ideal. Quem vive no vazio (vazio de sentimentos, vazio de esperanças, vazio de pensamentos, vazio de sonhos, vazio de planos e projeções), vive no agora e, enfim, encontra a felicidade.
A felicidade não está nunca no que você ainda vai conseguir, mas no que você já tem. Perceba!

terça-feira, 7 de julho de 2009

POR UM LINDÉSIMO DE SEGUNDO

Transar bem todas as ondas
a Papai do Céu pertence,
fazer as luas redondas
ou me nascer paranaense.
A nós, gente, só foi dada
essa maldita capacidade,
transformar amor em nada.



Leminski.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

B U R R O S

Sabe o que o STF pretendia ao extinguir a obrigatoriedade do diploma de jornalismo para o exercício da profissão? Fazer graça. Sim, porque em países como os EUA, ou grande parte de países europeus, o diploma não é obrigatório. O ministro queria igualar-se a esses países de primeiro mundo e mostrar-se bom o bastante ao tomar uma decisão como essa, sem antes estudar o caso a fundo. O Brasil NÃO TEM UMA EDUCAÇÃO DE QUALIDADE. Por que esse babaca não se preocupa em melhorar o ensino básico das escolas públicas ao invés de desencorajar jovens que buscam um ensino superior?

Primeiramente, quero deixar claro que concordo plenamente com a opinião de alguns ao dizer que o diploma não é o mais importante nessa profissão, até porque MUITA gente tem o dobro de capacidade de praticar o jornalismo que muitos diplomados por aí. Agora, me digam, em qual profissão, atualmente, isso não acontece? Nós, estudantes, fazemos um drama nos referindo à dificuldade de uma faculdade, mas isso é tudo balela. Terminar um curso universitário não é difícil. Repito: NÃO É DIFÍCIL. Difícil é pagar, difícil é conciliar, ter paciência e perseverança. O estudo, em si, muitas vezes é complicado, mas não é impossível para ninguém, desde que esse alguém goste e se esforce no que faz. Chega a ser até prazeroso!

O que acontece é que, em todos os países onde o diploma de jornalismo não é obrigatório, existe um conselho ou alguma maneira de selecionar quem pode e quem não pode gerar conteúdo para os veículos de comunicação. E no Brasil, alguém acha que isso vai acontecer? É óbvio que não.

Tá lá a Fátima Bernardes comunicando no Jornal Nacional que a Globo vai continuar buscando profissionais formados. Vai é o caralho! Ou alguém acredita que não será muito mais fácil pagar uma mixaria para pessoas que simplesmente têm o hábito de escrever e o fazem muito bem (o que não é difícil), mas que não possuem o diploma? Os diplomados têm um teto salarial, os não diplomados aceitam o que vier. Profissionais competentes no mundo, tem de sobra! Não tiro o mérito deles de maneira alguma, mas como ficam aqueles que só se dispuseram a passar quatro anos numa Universidade por buscarem uma melhor colocação no mercado? Eu amo a prática do jornalismo, mas sinceramente, não perderia quatro anos da minha vida cursando algo que não é obrigatório para que eu possa praticar.

Ter um diploma é importante? É óbvio que sim. Mas eu tenho muitas outras opções de cursos onde algum valor é dado para o que seria a minha futura profissão, não banalizando e deixando aqueles que estudaram e se esforçaram tanto, serem comparados a qualquer um que queira divulgar uma informação.

Usar o termo "liberdade de expressão" para essa decisão é de uma ignorância tão grande, que mostra ainda mais como os excelentíssimos magistrados desse país estão cada vez mais despreparados para julgar.

Nesse caso, quero contratar um advogado que não tenha diploma, mas que saiba o que é e o que não é necessário para me defender. Em nome do direito à minha liberdade de escolha.



Ma Prem Padmini.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Você.

- Me sinto tão triste...


- Quem é você?


- Eu sou o João.


- Mas que resposta superficial! João é o nome que lhe deram ao nascer, mas caso não tivessem lhe dado um nome, então você deixaria de existir?


- É claro que não.


- Então vamos tentar novamente. Quem é você?


- Eu sou isso que você e eu estamos vendo, esse corpo.


- Mas se esse corpo é seu, então você é algo que possui a ele. O seu corpo é SEU e não VOCÊ.


- Realmente...


- Então, pelo amor de Deus, me diga quem é você.


- Eu sou a minha mente, então. Aquilo que pensa.


- Como você pode ser a sua mente se ela é SUA? Ela pensa, claro, mas VOCÊ, não.


- Nossa, que loucura!


- Sim, parece loucura, mas você ainda não me respondeu quem é você.


- Eu sou algo que está dentro do corpo.


- Dentro do corpo? Como você pode ser dono do corpo e estar dentro dele ao mesmo tempo? Se você estivesse dentro do corpo, ele é quem seria o seu dono.


- Então eu estou fora do corpo?


- Sim, é óbvio, não é?


- Não era até esse exato momento.


- Esqueça-se do que não era e concentre-se no agora.


- Sim.


- Você sabe que não é o João, nem esse corpo e nem essa mente. Logo, não pode ser essa personalidade que lhe foi ensinada com o tempo, porque essa personalidade é da mente. Se ninguém tivesse ensinado a ela todas essas definições, você deixaria de ser?


- Não.


- Pois é, então agora me diga quem é você.


- Eu sou aquele que possui um nome, um corpo e uma mente.


- Aquele? Aquele o quê?


- Aquele que pode ver que eu tenho isso tudo.


- Aquilo que vê. Hum... Um observador?


- Isso, eu sou o observador.


- Portanto, as coisas que acontecem na sua vida não podem ser sentidas por você?


- É claro que podem! Eu me entristeço, me alegro, sinto fome, sinto frio...


- Ou seja, você acha que o seu corpo não serve para nada? Porque não é ele que te avisa quando está com fome, frio, triste, feliz...


- Não, quero dizer... Sim! É ele quem me avisa.


- Então é ele quem sente e não você.


- ... é...


- Me diga agora quem é que está triste.


- Qualquer coisa, menos eu.




Ma Prem Padmini

sábado, 30 de maio de 2009

Uma busca sem fim...

E quando você passa a não mais pensar no futuro, todas as suas preocupações são deixadas de lado. Não há mais nenhum problema, porque é só o AGORA que interessa. E quando eu digo agora, não estou me referindo ao presente, porque você transforma o presente em algo muito longo... O AGORA está somente nesse exato momento, esteja você fazendo ou pensando o que quer que seja.

Percebe como deixamos de viver as nossas vidas por estarmos muito preocupados com o que está por vir ou com o que deixamos passar? Isso não é teoria, preste atenção! Você poderia estar feliz agora pelo simples fato de existir, mas não. A preocupação está nas contas a pagar AMANHÃ, as provas a fazer AMANHÃ, a viagem do final de semana, o show do final do mês, a formatura do final do ano, as férias... Quando é que você vai ser feliz?

Se continuar a buscar felicidade nas coisas externas, eu te garanto que nunca vai encontrar! Felicidade não é ter o grande amor da sua vida, nem ter muito dinheiro e muito menos ser magro. Felicidade não é algo que você conquista e termina a busca. Mesmo os mais ricos e que vivem ao lado do grande amor de suas vidas, esperam por mais. Conheço pessoas pobres, que não têm um grande amor, e anda feliz da vida por aí... E eu tenho certeza que você também conhece.

Ou você ainda acredita que é você quem decide o que vai ou não acontecer na sua vida? Estamos cansados de saber que, absolutamente, NÃO SOMOS NÓS quem decidimos o nosso futuro. Podemos até fazer planos, seguir as ordens à risca, fazer tudo direitinho, que se for pra dar tudo errado, vai dar tudo errado e você vai chorar dizendo "Oh meu Deus, o que eu fiz pra merecer isso?". Sinceramente, se eu fosse Deus, morreria de rir.





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